31.10.10

Tristão e Isolda

Para Nietzsche, a música de Wagner era um resgate da cultura trágica grega.
Entre as obras que mais apreciava, está a ópera Tristan Und Isolde (Tristão e Isolda), que estreou em Munique no ano de 1865. 
Em linhas gerais, o mito de Tristão e Isolda pode ser descrito assim:


"Tristão, excelente cavaleiro a serviço de seu tio, o rei Marc da Cornualha, viaja à Irlanda para trazer a bela princesa Isolda para casar-se com seu tio. Durante a viagem de volta à Grã-Bretanha, os dois acidentalmente bebem uma poção de amor mágica, originalmente destinada a Isolda e Marc. Devido a isso, Tristão e Isolda apaixonam-se perdidamente, e de maneira irreversível, um pelo outro. De volta à corte, Isolda casa-se com Marc, mas Isolda e Tristão mantêm um romance que viola as leis temporais e religiosas e escandaliza a todos. Tristão termina banido do reino, casando-se com Isolda das Mãos Brancas, princesa da Bretanha, mas seu amor pela outra Isolda não termina. Depois de muitas aventuras, Tristão é mortalmente ferido por uma lança e manda que busquem Isolda para curá-lo de suas feridas. Enquanto ela vem a caminho, a esposa de Tristão, Isolda das Mãos Brancas, engana-o, fazendo-o acreditar que Isolda não viria para vê-lo. Tristão morre, e Isolda, ao encontrá-lo morto, morre também de tristeza." (retirado de http://pt.wikipedia.org/wiki/Tristao_e_Isolda)

A história de origem medieval sofreu várias adaptações ao logo dos séculos. Além da ópera de Wagner, 
o mito ganhou duas versões: Tristan et Yseult(1909), Tristan and Isolde(2006), e uma adaptação aos tempos modernos: O Eterno Retorno(1948) no cinema.



Em Romance(2008), produção brasileira de Miguel Arrais, acompanhamos a história de amor entre Pedro (Wagner Moura) e Ana (Letícia Sabatella). Diretor e ator de teatro, ele se apaixona por ela, que também é atriz, ao encenar a peça “Tristão e Isolda”.


Nietzsche, Wagner e Schopenhauer

A ambição de Nietzsche é realizar um diagnóstico fiel da situação do homem de sua época. Quando jovem, sua questão central filosófica estava ligada ao destino da arte e da cultura no mundo moderno. Nesse momento, ele se encontra profundamente influenciado por Wagner e Schopenhauer.

Para Schopenhauer, o universo não era uma expressão do intelecto e da vontade de Deus, nem de qualquer outro ser racional. A essência do universo seria nada mais nada menos que um impulso cego (Vontade), eternamente em busca de satisfação. Wagner acreditava que a música era a mais adequada forma de manifestação daquela força criadora do mundo, a Vontade.
          
                                           Arthur Schopenhauer                    Richard Wagner

Nietszche encorpora o pensamento de Wagner e Schopenhauer, e conclui que o coração pulsante do universo era um ímpeto cego, desprovido de finalidade, eternamente sofredor e carente. Portanto, não sobraria espaço para a religião, a moral e a tradição ilusórias, até então justificativas da existência humana.
Só como fenômeno estético torna-se justificada a existência do mundo, e é nesse sentido que os gregos do período trágico foram exemplares. Mesmo compreendendo que o sofrimento e a guerra se incluem entre as condições implacáveis da vida, souberam transfigurar o horror em beleza.

Através da obra wagneriana e suas características inovadoras, Nietzsche buscava restaurar a cultura trágica no mesmo espírito em que esta florescera entre os gregos, embalada por um senso artístico notavelmente
desenvolvido e por uma postura corajosa perante o drama da existência. Assim, nasceu a  "Origem da Tragédia no Espírito da Música".

Apesar da forte influência de Schopenhauer, alguns aspectos da filosofia pessimista incomodam Nietzsche.  Em Ecce Homo,  o Filósofo analisa a própria obra ("Origem da Tragédia no Espírito da Música") :
"[...]'Helenidade e pessimismo': esse teria sido um título mais inequivoco, visto que é a primeira lição sobre como os gregos levaram a cabo o pessimismo - e com isso o superaram... A tragédia é principalmente a prova de que os gregos não eram pessimistas; Schopenhauer enganou-se aqui, como se enganou em tudo."



Biografia

Friedrich Wilhelm Nietzsche, nasceu dia 15 de Outubro de 1844 em Röcken, Alemanha. Vindo de família luterana, na qual seus avós eram pastores protestantes, pensou em seguir o mesmo caminho. Porém, durante sua juventude e estudos filológicos, rejeitara a fé. Ingressou em 1864 na Universidade de Bonn para Telologia Clássica e Teologia Evangélica, transfere seus estudos para a Universidade de Leipzig, seguindo o Professor Fredrich Ritschl. Enquanto em Leipzig leu Schopenhauer (O Mundo com Vontade e Respresentação) que aguça sua vocação filosófica.
Aos 25 anos, Nietzsche é nomeado professor da Universidade de Basileia, adotando então nacionalidade suiça. Desenvolve por dez anos seu pensamento filosófico, com preferência  pelos pré-socráticos Heráclito e Empédocles. Nesse tempo cria vínculos com Richard Wagner - compositor, maestro, teórico musical, ensaista e poeta alemão, considerado um dos expoentes do romantismo e dos mais influentes compositores de música erudita já surgidos – que depois se tornaria objeto de análise filosófica.
Em 1870 comprometeu-se como voluntário no exécito, na guerra franco-prussiana. A experiência da violência e o sofrimento chocam-no profundamente.
Em 1879 seu estado de saúde obriga-o a deixar o posto de professor. Sua voz, inaudível, afasta os alunos. Começa então uma vida errante, viajando por, entre outros lugares, Veneza, Gênova, Turim, Nice, Sils-Maria, em busca de um clima favorável tanto para sua saúde como para seu pensamento: "Não somos como aqueles que chegam a formar pensamentos senão no meio dos livros - o nosso hábito é pensar ao ar livre, andando, saltando, escalando, dançando (… )".
Em 1882, após ter um pedido de casamento recusado, começa a escrever o Assim Falou Zaratustra. Dez anos depois inicia uma série de distúrbios mentais que coloca-o sob a tutela da sua mãe e sua irmã, durando até a sua morte, em 1900 na cidade de Weimar. No início desta, encarna alternadamente as figuras míticas de Dionísio e Cristo, expressa em cartas, entrando depois em um silêncio quase completo até a sua morte. Não se sabe ao certo a causa desses acessos de loucura, já foi atribuído à sífilis e recentemente à um cancro no cérebro, que eventualmente pode ter origem sifilítica.
O sucesso de Nietzsche, entretanto, sobreveio quando um professor dinamarquês leu a sua obra Assim Falou Zaratustra e, por conseguinte, tratou de difundí-la, em 1888. Muitos estudiosos da época tentaram localizar os momentos que Nietzsche escrevia sob crises nervosas ou sob efeito de drogas (Nietzsche estudou biologia e tentava descobrir sua própria maneira de minimizar os efeitos da sua doença).