31.10.10

Nietzsche, Wagner e Schopenhauer

A ambição de Nietzsche é realizar um diagnóstico fiel da situação do homem de sua época. Quando jovem, sua questão central filosófica estava ligada ao destino da arte e da cultura no mundo moderno. Nesse momento, ele se encontra profundamente influenciado por Wagner e Schopenhauer.

Para Schopenhauer, o universo não era uma expressão do intelecto e da vontade de Deus, nem de qualquer outro ser racional. A essência do universo seria nada mais nada menos que um impulso cego (Vontade), eternamente em busca de satisfação. Wagner acreditava que a música era a mais adequada forma de manifestação daquela força criadora do mundo, a Vontade.
          
                                           Arthur Schopenhauer                    Richard Wagner

Nietszche encorpora o pensamento de Wagner e Schopenhauer, e conclui que o coração pulsante do universo era um ímpeto cego, desprovido de finalidade, eternamente sofredor e carente. Portanto, não sobraria espaço para a religião, a moral e a tradição ilusórias, até então justificativas da existência humana.
Só como fenômeno estético torna-se justificada a existência do mundo, e é nesse sentido que os gregos do período trágico foram exemplares. Mesmo compreendendo que o sofrimento e a guerra se incluem entre as condições implacáveis da vida, souberam transfigurar o horror em beleza.

Através da obra wagneriana e suas características inovadoras, Nietzsche buscava restaurar a cultura trágica no mesmo espírito em que esta florescera entre os gregos, embalada por um senso artístico notavelmente
desenvolvido e por uma postura corajosa perante o drama da existência. Assim, nasceu a  "Origem da Tragédia no Espírito da Música".

Apesar da forte influência de Schopenhauer, alguns aspectos da filosofia pessimista incomodam Nietzsche.  Em Ecce Homo,  o Filósofo analisa a própria obra ("Origem da Tragédia no Espírito da Música") :
"[...]'Helenidade e pessimismo': esse teria sido um título mais inequivoco, visto que é a primeira lição sobre como os gregos levaram a cabo o pessimismo - e com isso o superaram... A tragédia é principalmente a prova de que os gregos não eram pessimistas; Schopenhauer enganou-se aqui, como se enganou em tudo."



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