O autor cita, ao início de O Nascimento da Tragédia no Espírito da Música, a necessidade dos gregos de admitir a existência de seres superiores à raça humana, os deuses do Olimpo, com o princípio da ordem divina primitiva. Justifica a criação dos mitos olímpicos também, ao citar conceito de Helenismo, referente ao período entre a morte de Alexandre o Grande em 323 a.C. e a anexação da península grega e ilhas por Roma em 147 a.C.. Neste período a arte era subjugada à vontade dos soberanos e às classes mais ricas, tendo como temática constante na literatura e no teatro os Hinos Épicos, as Idílias, a Comédia Nova e a crítica aos costumes. O produto do “gênio” helênico, era visto como um todo orgânico, “bela totalidade” (schöne Totalität), caracterizada pela unidade de estilo em todas as suas manifestações. Nietzsche rejeitará a pretensão de chegar à essência do helenismo como uma ilusão metafísica, que resulta da falta de sentido histórico.
Os próximos conceitos a serem introduzidos no tema do livro são o de Apolíneo e Dionisíaco, sendo possivelmente os mais importantes da obra. Onde estes conceitos são opostos; sendo Apolíneo racional e ilusionado num jogo dos valores de verdade, beleza e justiça, e o Dionisíaco sendo instinto de força e desequilíbrio colocando em voga os limites dos indivíduos; e ao mesmo tempo complementares na criação da estética universal, onde o mito trágico, nos quais Dionísio é o único herói verdadeiro, estaria representado o irrepresentável, assim como em certos tipos de música; a possibilidade realizada de apresentar e desenvolver a representação e exibição do dionisíaco. Artistas Apolíneos buscavam a simetria, o equilíbrio e a harmonia, e os Dionisíacos encaravam o exagero como forma de exposição nas obras.
Os conceitos de metafísica e metempsicose também são aprofundados após seus estudos, onde, no idealismo metafísico foca nos valores que o regem e propõe a genealogia dos mesmos. Já o julgamento de metempsicose é mais caracterizado pelo eterno retorno, aceitando inclusive conceitos budistas de reencarnação em animais e plantas devido à sua vida anterior, tratado mais profundamente em Assim falou Zaratustra, A Gaia Ciência e Além do Bem e do Mal.
Posteriormente em Ecce Homo o próprio autor conceitua o cristianismo como niilista. Que é a desvalorização e morte dos sentidos, falta de finalidade e de porquê. É dividido em dois movimentos: o positivo, onde revela a falta de fundamentos da verdade, de critérios absoluto e universal; e o negativo, onde declara a incapacidade de avançar, a destruição iconoclasta, e de onde vem o silogismo “Se Deus está morto, então tudo é permitido” de Dostoiévski, baseando-se na consideração de Nietzsche que Deus(no sentido da verdade, de princípios e da moral) está morto. Este, subdividido em dois: o passivo que valores antigos dão lugar a novos, e o ativo que renega todo valor metafísico, gerando assim o vazio existecial onde reina o absurdo e se espera ou provoca a morte.
Também julga a moral kantiana e o aristotelismo como decadentes, e afirma:
“O conhecimento, o dizer-sim à realidade, é para os fortes uma necessidade, tal como para os fracos sob a inspiração da fraqueza, a covardia e a fuga da realidade – ‘o ideal’... Eles não têm a liberdade de conhecer: os décadents precisam da mentira – ela é uma de suas condições de conservação”
e denomina os fortes e o “dizer-sim” e alegrar-se mesmo nas mais dura provações como dionisíaco. Para Nietzsche o centro do problema estético é o artista e não a obra ou sua contemplação, distanciando-se assim da estética kantiana, onde a chave desta questão encontra-se na contemplação. Para ele, o foco é redirecionado ao artista e à gênese da obra, tendendo mais para um paralelo ao conceito kantiano de gênio do que para a estética kantiana propriamente dita.
Em A Vontade de Potência afirma a arte, como um “evangelho de artista”, indicado para Wagner: “A arte como a tarefa própria da vida, a arte como sua atividade metafísica...”. Referindo-se ao aceticismo que o poeta e músico aderiu, influenciado pela filosofia de Schopenhauer.
Nietzsche considerava o artista um ser estético, pressuposto que invariavelmente não comporta o aceticismo. A influência da filosofia de Schopenhauer na obra de Wagner, considerada por Nietzsche como prejudicial e foi largamente citada em suas análises.
Em seu primeiro livro, O Nascimento da Tragédia, Nietzsche já enfatiza o alto valor que atribui à arte, considerando-a a atividade mais nobre que o ser humano pode exercer, posto que é constitutiva da existência, da própria da vida, em última instância, de uma ontologia. No livro em questão o objetivo explícito do autor era propor uma política cultural que revigorasse a cultura alemã, tendo como companheiro de empreitada Wagner e sua arte. De acordo com as críticas que faziam, a cultura alemã padecia por excesso de objetividade, por valorizar demasiado o aspecto racional, teórico e científico, emdetrimento dos instintos, das pulsões, do corpo, dos sentidos; por desvalorizar os simulacros em nome da busca pela verdade. Nietzsche adotou como modelo a cultura grega antiga, pré-socrática, trágica e propôs aos alemães de sua época aprender com ela como harmonizar diferentes aspectos da vida, aos moldes do que ocorria nas tragédias gregas, onde as expressões artísticas complementares representadas por Apolo e Dionisio, aprendiam a coexistir. Ao contrário, os gregos antigos, trágicos por natureza, haviam criado a cultura helênica, de base apolínea, justamente porque era aquilo que lhes faltava, era o que necessitavam — quando abundavam em força dionisíaca. Para estes antigos a embriaguez era o seu próprio, era opathos do grego trágico e embebidos nele se relacionavam com a própria existência — por isso eram tão intensos, guerreiros e corajosos.
Para Nietzsche a experiência política ativa e potencializadora da força humana está entrelaçada com a experiência artística, pois somente através da arte pode o ser humano aprender a perceber a sua vida pessoal como parte de um todo, de um tecido social. O autor traça assim o esboço de uma estetização da existência, uma vez que valoriza a criatividade, a singularidade, a imanência, a agnóstica, a vida baseada em valores artísticos de construção e desconstrução — tratar a vida como obra de arte — o que pressupõe a valorização da diferença, da multiplicidade. Nessa aproximação entre arte e estetização, existência e política, Nietzsche lança, o que hoje se denomina por micropolítica: a participação ativa de cada membro atento e questionador na coletividade.